sábado, 18 de novembro de 2006

Campanha da 52a. Feira do Livro



Adorei a Campanha da 52a. Feira do Livro de Porto Alegre. A campanha foi criada pela DCS Net e tem como conceito uma verdade universal: "Você também é feito de histórias". Para ver a campanha clique aqui.

Outra campanha que eu gostei muito foi a da Cerveja Sol, que diz que "cada desejo não realizado é um pouco de luz que se perde". Isso não é lindo? S*

Quem de vocês merece a vida eterna?

Na Feira do Livro de Porto Alegre deste ano, encontrei a tradução de "A possibilidade de uma ilha", de Michel Houellebecq. Na do ano passado, eu tinha encontrado na Ala Internacional, no estande da França, um exemplar original, que deveria custar uns trezentos reais. Perguntei ao Juremir se ele não ia traduzir mais este romance do autor, sucesso em todo mundo, lançado simultaneamente em vários países, e ele disse que provavelmente nenhuma editora brasileira aceitaria traduzir e lançar este livro porque seria muito caro. Ainda bem que ele tava errado e que a Record o lançou. O livro tem 478 páginas e custou R$ 45,00. O livro é uma ficção científica que mistura todas as doideiras do Houellebecq presentes nos outros livros (Partículas Elementares e Extensão do Domínio da Luta, entre os que li) e ainda adiciona a questão da vida eterna. O narrador, que é um comediante de sucesso que assiste à sua decrepitude física, entra para uma seita , os Elohimitas, que buscam a vida eterna e pedem que os clones dos humanos, os neo-humanos, leiam os relatos deixados pelos humanos. Assim, Daniel 24 e 25 comentam os relatos deixados por Daniel 1. É muito legal! O melhor de tudo é que é muito sutil a forma como os relatos, a princípio tão distantes uns dos outros, começam a se equiparar. Um deles fala que Steve Jobs, seguido por Bill Gates, foi uns dos primeiros que doaram seus DNAs aos Elohimitas para serem clonados no futuro. Não é por nada, mas Houellebecq é considerado um profeta das tragédias humanas, como atentados em Bali e o 11 de setembro. Posso dizer que o autor se superou mais uma vez: adapta o novo ao seu estilo, que mistura a mídia, questões fundamentalistas, a miséria humana de suas personagens, e acerta muito. Apesar de não concordar com a visão de mundo dele (o homem não passa de um subtrato biológico que vive para o sexo e é infeliz a priori), admiro muito como ele cresce sem exatamente se negar.

Em tempo: a vida dos neo-humanos parece ser um tédio maior dos do que a do Daniel1. Mas eu ainda não acabei o livro. Tem uma música do Nando Reis que diz "Eu trocaria a eternidade por esta noite", dizendo que seria uma troca justa, que a noite era tão especial que ele abriria a mão da eternidade, etc. Eu trocaria a eternidade até por um cafezinho requentado. Se a finitude é a causa de todo o desespero humano, parece-me que a infinitude deva ser a antesala do inferno. Acho bom saber que as coisas vão ter fim para que sejam aproveitadas com intensidade, valorizadas na sua grandeza ou descartadas pela sua insignificância. Parâmetros, enfim. S*